Palavrão (no bom sentido!) esse em alemão, hein? Você saberá logo abaixo onde o descobri. E saiba algo mais: ele serve para nomear a… cultura de sua empresa! Se Cultura Corporativa for um dos seus interesses (como é dos meus), penso que você apreciará os próximos parágrafos.
O termo acima está destacado no novo livro da escritora Nora Krug chamado Heimat – Ponderações de uma escritora alemã sobre sua terra e história (selo Quadrinhos na Cia., 288 págs., trad. André Czarnobai).
Heimat é o lar; o lugar em que o sujeito passou a infância e do qual ele geralmente traz muitas memórias. Numa reportagem sobre o livro (Estadão, 7/12), Guilherme Sobota escreve que Heimat é “uma paisagem ou localidade (real, imaginária ou construída) à qual uma pessoa associa uma sensação imediata de familiaridade”. “No uso comum”, diz o repórter, “o termo se refere ao lugar em que a pessoa nasceu, cresceu e viveu as experiências que influenciaram de maneira definitiva a formação do seu caráter, personalidade e visões de mundo”.
O “Heimat” de Nora é um livro sobre o passado de sua família, em particular seus avós, e o que eles atravessaram na Alemanha nazista. Não o li ainda; mas, pela entrevista ao jornal, parece que Nora o escreveu para exorcizar seus demônios familiares, que teimam em voejar em torno de sua cabeça, mesmo estando ela há 20 anos fora de seu país.
Por várias razões o livro me Interessou. Uma delas: sinto-me atraído por esse lugar e esse momento histórico: a Alemanha nazista e, nela, a tragédia judia. Outra razão do meu interesse é a linguagem verbal-visual da obra, que me pareceu criativa e original. Outra razão mais: “Heimat” parece ser uma obra de autoficção – para mim, um novo e fascinante gênero híbrido, com claras propriedades psicoterapêuticas (todos deveriam experimentar)!
E tenho ainda uma razão mais – que me levou a produzir este texto: o tal palavrão alemão que usei como título e que significa “solidariedade” (vi no dicionário). Ou, mais precisamente, trata-se de um sentimento (Gefühl) de pertencimento (Gehörigkeits) que alguém compartilha com outras pessoas (Zusammen). A autora o definiu deste modo (na tradução de André Czarnobai): a sensação do indivíduo de se identificar com um dado grupo e acreditar numa ideia que seja maior do que ele próprio (indivíduo) e que descreva uma identidade cultural.
E é esse o ponto a que quero chegar neste artigo: quando você decidir falar aos colaboradores sobre a cultura de sua empresa e quiser lhes dizer que devem se engajar no propósito da organização, compartilhando entre si as crenças, valores e princípios que esta defende, aproveite para usar esse termo e surpreender a turma: Zusammengehörigkeitsgefühl!
Mas, a menos que fale alemão fluentemente, treine bem a pronúncia antes!
Prezado Marco, muito boa iniciativa de comentar livros que poderiam me passar despercebido, com a sua sólida formação, a indicação deste livro desperta de imediato meu interesse em virtude do tema abordado. As crenças, valores e princípios convividos no nosso dia à dia e sobretudo em nossas origens têm um papel significativo em nossas vidas,
Continue a contribuir pela disseminação da boa informação.
Forte abraço.
Muito bom! Também me deu água na boca para ler o livro.
Fiquei interessada por conhecer melhor essa história. Lembrar que somos um caldo de tantas histórias familiares, lugares, tragédias , sentimentos, etc. Nos integram e nos libera de culpas de tantas ações , medos e anseios.
Boa dica.
Meu carro Marco!
Faz tempo que não te retorno, apesar de te acompanhar em textos, mas esta produção é instigante.
Não só no início inteligente, com o “palavrão”, mas na forma e conteúdo da mesma.
Se a intenção era essa, instigar, missão cumprida!
Parabéns pelo dom literato!
Aproveito para desejar um excelente Natal e um Ano Novo repleto de realizações.
Forte abraço
Muito bom o teu artigo.O desdobramento dos componentes da palavra Zusammengehörigkeitsgefühl! são os que dão as características da cultura e identidade: juntos, pertencimento e sentimento (que é do coração). Quando a conexão entre a pessoa e a organização é Gesellschaft, é um contrato comercial. Quando a conexão é Gemeinschaft, é um sentido de comunidade.
Vou buscar este livro.
Muito agradecido
Adoro suas novidades, grata por compartilhar.
Viajar no tempo da 2a. guerra e com um toque extra de sentimento puro de quem vivenciou o sofrimento dos Judeus, é muito lindo. Parabéns pelo artigo que chama nossa atenção
Também me interesso muito por esse tipo de assunto! Há uns 40 anos, fiz um curso de alemão e cheguei a me comunicar muito bem durante alguns anos. Hoje pouco entendo!
Toninho