Sim, escreva seu livro! Você é capaz! Obtenha aqui todas as dicas! etc. etc.

Há muitos sites na internet que lhe darão mensagens como essas, o estimularão a escrever um livro e lhe darão conselhos – gratuitos ou pagos – sobre como fazê-lo.

Alguns desses sites são questionáveis; outros parecem bons e confiáveis. Mas, infelizmente nem sempre é fácil distinguir uns dos outros, o que exige, de sua parte, muito questionamento crítico e atenção aos detalhes do que lhe está sendo proposto.  

Desejo apresentar aqui algumas razões que justificarão plenamente sua decisão de lançar-se nessa empreitada: escrever um livro. Ficarei feliz se, ao chegar ao final deste texto, você concordar comigo que realmente deve dar o melhor de sua atenção a essa sugestão.

Todavia, não me dirijo a qualquer um que pretenda escrever e publicar um livro; meu público-alvo é bem mais específico – trata-se da pessoa que:  

§ já tem conhecimento e experiência relevantes em alguma área profissional, cujos conhecimentos aplica (ou já aplicou) no trabalho; e

§ nunca publicou um livro de não-ficção [1].

A esse escritor em potencial, desejo apontar 6 razões – todas claramente importantes – com a intenção de estimulá-lo a escrever um livro de não-ficção em sua área de especialidade. Assumir um projeto como esse lhe permitirá: 

# 1 Organizar ou reorganizar seus conceitos, propostas e ideias, dentro de sua especialidade. Muitos profissionais não adquiriram de forma tão organizada os conhecimentos com que trabalham; ou foram reformulando e aprofundando esses conhecimentos com o passar do tempo, com base em sua experiência prática. Escrever um livro os ajudará a pôr em ordem suas ideias.

# 2 Aprofundar seus conhecimentos em um ou mais aspectos dessa especialidade, nos quais ainda possa sentir-se vulnerável. Escrever um livro exige certa dose de pesquisa – e o ato de pesquisar e selecionar conteúdos relevantes quase sempre aprofunda nosso conhecimento. Tipicamente, concluímos um livro sabendo mais (e, por vezes, bem mais!) do que antes.

# 3 Desenvolver ou reconhecer em si próprio significativas habilidades intelectuais, tais como: senso de organização; capacidade de pesquisar conteúdos novos; uso produtivo do tempo pessoal; clara expressão verbal de suas ideias; análise critica de conceitos; lógica argumentativa; disciplina pessoal; equilíbrio entre senso de realidade e o prazer em sonhar e criar.

# 4 Manter elevada sua autoestima. Por mais bem-sucedido que seja um profissional, é frequente que ele sinta, no íntimo, faltar-lhe algo – e não ter escrito ainda o seu livro pode ser uma resposta a essa lacuna. O primeiro livro tem para nós um enorme valor simbólico: por um lado, legitima perante os outros nossa competência naquele conteúdo; e, por outro, desperta o melhor de nosso espírito empreendedor, reforçando nossa crença de que podemos realizar algo importante num campo novo e diferente.

# 5 Confirmar e ampliar sua rede de relacionamentos. Editado e publicado o livro, o momento de seu lançamento e os meses que se seguem são sempre muito gratificantes socialmente: o autor retoma relacionamentos anteriores e trava contato com novos colegas, amigos, parceiros, clientes. Quase sempre seu network é, dessa forma, substancialmente estendido.

# 1 Inserir seu livro numa “estratégia” de marketing pessoal. Ter um livro publicado é um eficaz recurso para alavancar nossa imagem e reforçar nossa identidade profissional: o livro aumenta a confiança dos outros no seu autor e, por conseguinte, abre portas e facilita a realização de contatos e negócios.

Das seis vantagens de se escrever um livro, você experimentará as três primeiras já durante o próprio processo de produzi-lo; e as três últimas, ao ter o livro lançado por uma editora. É importante salientar esse aspecto, porque, na verdade, o processo todo envolve não apenas um, mas dois grandes desafios: o primeiro é iniciar e concluir a redação do seu livro; o segundo, colocá-lo no mercado, à disposição dos leitores.   


[1] Livro de não-ficção: livro técnico, didático, paradidático ou de ensaio, que escapa aos gêneros literários típicos de ficção: romance, novela, conto, poesia.